São Paulo, 9
de fevereiro de 2017
Ruptura do
Tendão Patelar
Começo hoje
a escrever o incidente que aconteceu comigo e que resultou na ruptura total de meu tendão patelar do quadríceps. Escrevo
com a única finalidade de ajudar quem passou ou está passando por isso, uma vez
que , quando aconteceu comigo, o que
mais me ajudou a ‘visualizar’ a situação foram os relatos de pacientes, uma vez
que toda a literatura médica sobre o assunto é muito vaga e, em alguns casos, contraditória.
Meço 1 metro
e 80 centímetros, devo pesar uns 100 kg ou um pouco mais. Peso este no dia do
ocorrido, pois hoje devo estar pesando menos.
Tenho 49 anos, não sou hipertenso, nem diabético, sempre tentei ter uma
vida saudável, com muitos esportes e , paradoxalmente, com muita comida. Se
tivesse menos peso, talvez não tivesse ocorrido a ruptura. Quem sabe? O ‘se’
não estará mais presente aqui. No ano passado, fui todos os dias trabalhar
pedalando, 6 a 7 KM ida e volta. Pedalava sempre que possível fora da rota e
horário de trabalho, voltei, ou melhor, tinha voltado a nadar. Ou seja, a musculatura estava relativamente
preparada. Muitas literaturas apontam vários os motivos para este tipo de
ruptura: insuficiência renal, uso de antibióticos e anti-inflamatórios, basta
teclar no google que estes aparecem, não me enquadrei em nenhum. Vamos aos
fatos que levaram à ruptura ou ao rompimento do tendão patelar deste que vos
escreve.
No dia 4 de
janeiro de 2017, chamei minha filha para fazermos um bate e volta à praia, com
a possibilidade de acamparmos por uma noite. Minha filha tem oito anos.
Passamos o dia na praia, nadamos, eu peguei umas ondinhas, almoçamos, e , à
tarde, fomos a um camping em frente à praia, em Paúba, a cerca de 200 km de
minha casa. Moro em São Paulo. Resolvemos acampar. Montei a barraca no finzinho
da tarde, o que no horário de verão deveria ser por volta de 19h30. A praia de Paúba é uma praia de tombo, com
ondas de beira, e naquele dia deveria ter meio metro de onda, com maré morta, o
que aproximou ainda mais as ondas da beira. Estas ondas na beira, em alguns
lugares da praia, formam um paredão com cerca de 1 metro de altura, paredão de
pura areia fofa.
Era
aproximadamente 23h00 quando minha filha me chamou para ver umas luzes em uma
casa na praia. Contrariando todos os meus princípios, fui andando com ela pela
praia em direção Sul, ou seja, aquele barranco formado pelas ondas estava à
minha esquerda. Não vi o barranco e quando fui dar um passo com a perna
direita, caí todo torto, com o peito direto batendo na parede. A maior
laceração, que foi um arranhão feito pela areia, aconteceu na parte interna do
joelho direito, mostrando como minha queda foi torta. Na hora, coloquei a mão
no joelho e senti uma ponta no topo do joelho. Não me lembro muito de dor, na
verdade não senti mais dor nenhuma até começar a fisioterapia (eu chego lá).
Subi o morrinho me arrastando, minha filha desesperada, eu falei para ela
manter a calma e ir pedir ajuda no camping, que estava a não mais de 200 metros
dali. Por causa daquela ponta que eu senti no joelho, pensei que tinha quebrado
a ponta do fêmur. O pessoal chegou e
tentou me colocar em pé, mas eu não consegui. Deitei-me e apalpei novamente a região e a ponta tinha sumido.
Pode ser que era a patela que subiu e desceu quando eu fiquei em pé (alguém da
área médica deve estar rindo com isso, pois pode ter sido o tendão, pos a
patela acho que não sobe sem que tenha detonado os ligamentos, acho). Chamaram
o SAMU e esperamos na areia. Há anos não via tantas estrelas, não da dor do
tombo, mas estrelas no céu. Estava com o pessoal do camping um rapaz , acho que
ele é técnico em radiologia. Ele pediu para que eu movimentasse o pé para o
lado e para frente e para trás sem dobrar o joelho, dobrar o joelho era algo
que eu não conseguia fazer mesmo. Como eu conseguia mexer o pé, ele falou que
poderia ser tendão.
Chegou o
SAMU, levou-me ao posto, radiografia e nada de fratura. Tendão não aparece em
radiografia. Colocaram uma tala e aplicaram um sedativo. Levantei-me, com a
tala e tudo e dei uns passos. Tinha 2 opções: esperar amanhecer e ir para o
hospital de São Sebastião ou esperar amanhecer e trazer minha filha para casa e
procurar um hospital em São Paulo. Minha maior preocupação naquele momento era
com minha filha, que tinha ficado na casa dos donos do camping. Camping do
Mazinho, pessoas da melhor qualidade, não conhecia, mas ajudaram muito. Optei
por trazer minha filha. 200 km sem tendão, dei só uma entortada na tala
metálica para poder dirigir.
Cheguei bem
em casa, ao meio-dia, almocei e dormi até o dia seguinte. Fui ao hospital no
dia 6 de janeiro. Cheguei no ortopedista e este me mandou fazer ultrassom e
outra radiografia. Com o exame em mãos,
juntaram mais 2 ortopedistas, apalparam os meus joelhos e um deles falou
‘tendão’. Dá para sentir mesmo o tendão ou a falta dele. “você vai internar e
operar”, disse um deles. Eu respondi: ‘posso almoçar antes?’. ‘Pode’,
respondeu. Marcaram uma ultrassonografia. Resultado: Ruptura total do tendão patelar. Internei-me
na sexta-feira, dia 6 de janeiro. Fui operado na segunda-feira, dia 9 de
janeiro. Durante a internação, eu andava normalmente pelo corredor, com tala é
claro. Sem dor, sem analgésico e sem tendão patelar. A cirurgia durou cerca de 4 horas. Começou por
volta de 17h00 e acordei no final , umas
9 da noite. Fui para o quarto e só fui dormir de madrugada. Não me
lembro o horário no dia seguinte, mas o médico me acordou e começou a fazer um
monólogo de informações que durou uns 10 minutos no máximo, talvez menos. Tinha
acabado de acordar após mal dormir, e o que eu me lembro foi que ele falou o
seguinte: Fizeram 3 furos na patela (acho que com furadeira, só pode, verruma é
que não dá), e amarraram o tendão ali. Cortaram as pontas do tendão pois tinha
‘esgarçado’ (ele não usou este termo) um pouco . O tempo de cicatrização do
tendão suturado seria de 6 a 8 semanas. Neste período eu poderia apoiar o pé no
chão sem transmitir carga sobre a perna operada. Aliás, eu entendi que eu
deveria apoiar o pé no chão. Ele completou dizendo que por mais que eu me
sentisse com segurança, não deveria pisar no chão com carga (peso do corpo)
durante os próximos 2 meses, com possibilidade de sequelas sérias. Portanto,
está dado o recado. Tendão é coisa séria, operar uma vez é um cocô, imagine
duas vezes a mesma coisa para ter que fazer direito a recuperação. Foi isso que
me lembro do que falou o médico na única vez que conversei com ele. Claro que
depois passei por outros médicos do mesmo hospital.(nota, comecei a escrever
este texto na quinta semana após a cirurgia).
Alta. Operei o tendão patelar do quadríceps na
segunda, recebi informações rudimentares sobre o meu processo e sobre o que deveria fazer, estava mais
perdido do que cego em tiroteio e já queriam me despachar na terça-feira. Bati
o pé e falei que precisava conversar com alguém (sim, eu pedi para ficar no
hospital, pasmem). Veio uma outra médica, acho que R 2 (há uma hegemonia entre
eles e pior que R 2 só o R 1, eu conheci o R 1 que participou da minha operação
e ele não abria a boca, deve rolar uma rixa, tipo “ô R1 vai buscar um café para
nós”, sei lá), essa R 2 veio me ver e eu só perguntava: “Foi tudo bem?”, e ela
respondeu “ ficou melhor do que estava”, pensei comigo o quanto deveria ser
difícil deixar um tendão arrebentado pior do que estava. Era toda a informação
que eu recebia, isso porque eu estava sendo legal, simpático, etc. tal. Enfim,
médicos, tenho profunda admiração pela profissão, mas é meio difícil o contato
no geral.
Na
quarta-feira, dia da minha alta, eu estava na cama pensando o quanto seria
difícil minha vida até a cicatrização do tendão, que duraria 6 a 8 semanas,
segundo o médico de 10 minutos se tanto. Estava imaginando eu fazendo cocô numa
bacia deitado na cama, o que prejudicaria muito meu casamento. Até então, não
tinha tido tempo de pesquisar nada na internet. Apareceu um fisioterapeuta, um
cara legal, mas prejudicado pelo fluxo (nota: não cito nomes e nem locais, mas
eu fui internado em um hospital com boa reputação, fui tratado por pessoas
muito sérias, mas com fluxo de hospital de guerra). Este fisioterapeuta veio
com um andador e me mandou ficar em pé, sem medo, mas sem jogar carga na perna
operada. Fiquei em pé e ali no quarto dei uns passos, o que me aliviou muito
para banho e banheiro, minhas preocupações por enquanto. Falou para eu arrumar
um par de muletas e um brace (aquele apetrecho imobilizador , atado com velcro
e facilmente removível). Liguei para minha esposa (isso de manhã, na quarta) e
ela rapidamente conseguiu ambos. OK. Alta com bracer. Perguntei ao fisio o que
deveria fazer. Superficialmente ele respondeu que deveria dobrar o joelho a 15
ou 30 graus, mas como fazer isso ficou no ar. Como fazer eu digo se é deitado,
sentado com alguém auxiliando. Na minha cabeça, quase oca sobre o assunto e de
maneira geral (brincadeira, sou muito inteligente, viu?), eu imaginava o tendão
cicatrizando. Não sabia se poderia esticar ou dobrar a perna porque eu
imaginava aquele tendão, mesmo que amarrado nos 3 furos, soltando e eu tendo
que amarrar novamente. Ouvi, também, superficialmente, que ele iria grudar na
patela. Grudar como um pólipo marinho gruda num coral ou como uma orquídea
gruda num tronco e vai soltando filamentos? Até agora, na quinta semana, ainda
não sei. Vou perguntar segunda-feira sem falta ao fisio novo. Me despacharam do hospital 48 horas após a
operação ter iniciado. Na saída , encontrei o fisio, aquele do quarto , pelo
corredor , e , em movimento, perguntei novamente: 15 a 30 graus?, ele
confirmou, “quantas vezes por dia”, ele respondeu “o dia inteiro”. enquanto eu
era transportado na cadeira de rodas do
hospital e fui falando tchau, a distância.
Entrei no
taxi, esticado no banco de trás. Cheguei em casa e desembarquei e passei a me
locomover de muletas, com a perna operada sem tocar no chão. No aconchego do
lar, recebo à noite uma ligação do hospital que era para eu voltar urgente,
pois não poderia ter saído com o brace, deveria ter sido colocado um gesso, ou
uma tala. Voltei ao hospital no dia seguinte e coloquei uma tala com bota.
Fiquei uma semana e voltei ao hospital
na quarta-feira seguinte (10 dias de operação) e tirei a tala para
colocar o brace. Encontrei um fisioterapeuta, outro cara legal, ele pegou minha
perna e dobrou. Dobrou sem piedade a uns
30 graus ou mais. Passei mal, suei frio, imaginei o tendão rompendo. Ele me passou
os seguintes exercícios para fazer em casa: Apalpar a rótula e ,com dois dedos
abraçando-a, movê-la para a direita e para a esquerda, para cima e para baixo.
3 sessões de 20 vezes cada movimento (20 para os lados e 20 para cima e para
baixo). Com a perna operada esticada e
com o calcanhar sobre uma altura de aproximadamente 20 cm (poderia ser um
cobertor ele disse, eu coloquei sobre uns 3 livros e uma toalhinha para
amaciar), colocar um peso de 6 ou 7 quilos sobre a coxa próximo ao joelho e
fazer 3 sessões de 5 minutos 3 vezes ao dia para esticar a perna . Coloquei
anilhas com 4 quilos. Ainda estava me borrando de medo da situação. Outro
exercício: Fazer força, contrair o
músculo da coxa da perna operada 3 sessões de 20 vezes 3 vezes ao dia, porque o
músculo da coxa, segundo ele, havia falecido, e eu sentia que havia mesmo. E o
pior exercício, na primeira semana dobrar o joelho a 45 graus, 3 sessões de 20,
3 vezes ao dia, e na segunda semana chegar até 60 graus. 20 minutos de gelo
após o exercício. Isso, eu confesso, não fiz, não o gelo, a dobradura. Fiquei
dobrando por 2 semanas até 45 graus e bem de leve, com minha esposa auxiliando.
Eu não compreendia como o tendão cicatrizaria e ainda conseguiria ser dobrado.
Quando eu dobrava a perna, a sensação que eu tinha é que no joelho tinha uma
cinta ou correia que esticava ao máximo. E o medo de romper o tendão novamente?
Isso não tem profissional da saúde que entenda ou explique. O médico não tinha
falado em 6 ou 8 semanas de cicatrização? E eu ia ficar esticando? Salvo ele
tenha amarrado com fio de nylon pra pescar marlim azul no golfo do México,
aquela coisa iria arrebentar, isso na minha cabeça de pessoal de Humanas, claro.
Fibrose:
Acontece o seguinte. Nesta amarração do tendão há uma cicatrização. Essa
cicatrização gera uma fibrose, que, segundo me falaram, é como aquelas cascas
de uma ferida externa. Isso não pode calcificar, senão o joelho fica duro e vai
ser mais doloroso soltar essa fibrose. As fibras do tendão seguem uma direção.
A cicatrização faz com que estas fibras sigam em caminhos diferentes. A fisio,
ou melhor, a dobragem faz com que seja
dado um caminho para estas fibras. Ou seja, reagruparemos as fibras para a
direção certa. Deu pra entender? Coisas da área de Saúde.
Fiquei em
casa do dia 18 de janeiro, quando tirei a tala , coloquei o brace e recebi
orientações do fisioterapeuta, até o dia 1 de fevereiro, quando voltei para
consulta, tirei os pontos e tomei um esporrinho ( o primeiro) do fisio, que viu
que o joelho estava em 45 graus. Deveria estar em 60 graus. No dia 27 de
janeiro havia recebido uma ligação dizendo que minha fisio começaria dia 3 de
fevereiro, 25 dias após a operação. Falei que iria falar com o médico antes. No
dia da consulta foi confirmado que a fisio começaria dia 3 de fevereiro mesmo. Ensinaram-me a andar com a muleta no final da consulta.
A perna operada vai com as duas muletas para frente, apoia a perna operada no
chão reta, sem carga, dá o passo, tenta dar uma dobradinha no joelho operado e
pronto. Tipo uma andada normal , mas com o joelho duro, com muletas e sem
musculatura na coxa, super fácil.
A Fisio -
Onde o filho chora e a mãe não escuta. Cheguei dia 3 de fevereiro para a minha
primeira sessão de fisioterapia. Respondi um questionário onde assinalei tudo
‘não’ (tipo: pode trabalhar normalmente? Consegue flexionar a perna? Consegue
pular? ). Foi doloroso espiritualmente, porque a dor física viria a seguir. Fiz
os exercícios de colocar o peso sobre a coxa, o fisio fez uns testes com minha
perna, enfim, não me lembro exatamente, porque no final ele me mandou sentar na
maca, com a perna operada próxima à perna da maca e flexionou sem piedade minha
perna e amarrou, depois flexionou mais e amarrou. Foi doloroso. Devia estar com
uns 45 a 50 graus de flexão ao chegar e fomos a uns 70 graus, doloridos. Isso
foi na sexta. No sábado, eu fiz novamente em casa essa dobradura e no domingo fui dar uma volta no quarteirão.
Após essa volta no quarteirão, minha perna voltou inchada e dolorida. Aliás,
desde então, do começo da fisio, minha perna toda está inchada. No domingo não
fiz nada e voltei à fisio na segunda. Exercícios diferentes: Com o corpo de
lado levantei a perna operada lateralmente, de um lado e do outro. Colocou uns
adesivos na minha coxa e me mandou levantar a perna quando o choque viesse.
Choque suportável, mas fortinho. Peso na coxa como sempre No final veio a
provação. Flexionaram meu joelho com aquele lance de amarrar, cheguei a 82
graus, mas quase desmaiei de dor. Em 72 horas passei de 45/50 graus para 82. É
isso mesmo? Precisa ser tão rápido? Eu sei que fiquei imprestável nos dias
seguintes. Ao mesmo tempo que estou sentido maior mobilidade no joelho, muito
pouca, claro, mas sinto que está dobrando mais fácil.
Na outra
sessão de fisio, choque, peso na perna, exercício com os 2 pés no chão e
tirando o calcanhar do solo, com o peso distribuído, em sessões de 15 vezes X 3
repetições e chegamos a 90 graus de dobradura. Agora, com um lençol na parede,
deitar com a perna operada em L e ir abaixando, aproveitando que o lençol tira
o atrito.
Hoje
(comecei a escrever em tempo real), segunda-feira, 13 de fevereiro, tomei choquinhos, fiz exercícios, peso na
perna e ele, o fisio, que estava muito legal, me deixou à vontade com a
dobragem da perna e eu regredi, cheguei a 84 graus, isso porque eu não tinha
feito muito no final de semana. Tomei uma chamada e fui ameaçado com chegarmos
a 90 graus de qualquer maneira na próxima sessão , que será sexta-feira.
Dia 20 de
fevereiro, cheguei a 90 graus, ou 95 graus. Dia 22 de fevereiro, consulta com
médico e raio-x. O médico, aquele de 10 minutos se tanto, falou que ‘está uma
rocha’ (palavras dele) o tendão. Ficamos conversando sobre o caso e sobre
futebol. Ele é Colorado (Internacional), seria beeem pior se fosse gremista. Ou
seja, tudo está bem e ,segundo o raio-x, a patela está onde deveria estar.
Vamos em frente. ‘Fisioterapando’ todos os dias, dobrando o joelho. Ahhh, o
fisioterapeuta orientou-me a andar com só uma muleta e colocar carga na pisada
da perna operada. 6 semanas e 2 dias
após a operação.
Dia 24 de
fevereiro: Pedalei por uns 10 minutos naquelas
bicicletas de fisioterapia, que são mais deitadas, dobrei a perna de bruços com
auxílio do carrasco, digo, do fisio, fiz exercícios de musculação com 2 kg de
peso atados à perna e no final da tarde saí de carro e dirigi nas ruas pela
primeira vez desde a data do acidente. Em casa, ao dobrar a perna, minha esposa
disse que aparentemente eu passei bem dos 90 graus. São vitórias diárias.
Ficarei até 6 de março sem ir à fisioterapia por causa do carnaval e de mudança
no local onde estou sendo atendido, mas tenho lições de casa diárias até lá. O
fisioterapeuta cobrou-me 100 graus. Será a oitava semana após a operação.
Passou o
Carnaval, pulei na sala quando passavam os blocos, pulei tipo assim, na muleta.
Fiz tudo o que o fisio pediu e consigo dobrar mais do que 90 graus. 100 graus?
Quem sabe... Então, completei 8 semanas de operação, e segundo os relatos, a
cicatrização do tendão está terminando agora, mas segundo o médico, aquele de
10 minutos se tanto, a cicatrização
continua até o terceiro mês. O que eu sinto é que parece que tem um capacete no
meu joelho, muito estranho, mesmo após 8 semanas, mas a melhora é nítida, porém
lenta, lenta demais. Não coloquei carga total ainda no joelho, o fisio (que
perguntou se eu estou citando o nome dele em meu relato e eu disse que não)
orientou-me a andar só com uma muleta. Mas eu sou tão cagão de arrebentar essa
zorra desse tendão, que eu só uso uma bengala da sala até o banheiro, ou da
sala até o quarto, essas coisas bem curtas. Estou dirigindo!! No Carnaval
aproveitei que a cidade ficou tranquila e fiz um test drive no joelho e dirigi
tranquilamente (lembrem-se que eu já tinha dirigido 200 km sem tendão). Na lateral da perna, que vai do final da coxa
até o joelho, tem um músculo, acho que é um músculo, que parecia uma barra de
ferro de tão duro, e agora está beeeem mais mole.
No dia do
‘aniversário’ da oitava semana de operação , pedalei quase 30 minutos, e
pedalei forte até. Uma senhora que estava ao meu lado falou que a bicicleta
amoleceu o joelho dela. Eu comecei a misturar até umas 3 gramas de dolomita na
água. Ninguém me orientou, foi porque eu já tomava antes para alcalinizar o
corpo e li que dolomita aumenta em até 30% a elasticidade dos músculos. O
porteiro do meu prédio me aconselhou a passar sebo de carneiro capado pra
amolecer. Como meu vou saber se o bicho era capado? Outra coisa, segundo o
fisio (cara, eu só faço o que eles orientam, na verdade , faço até menos porque
admiti logo acima que sou cagão) eu poderia arrumar uma muleta canadense e me
virar por aí. Não sei o quanto eu posso andar, mas eu vou com as duas muletas
até o mercado e já fui ao cinema, tudo de carro, claro. Nesses percursos mais
longos, eu alivio muito a perna operada, e muitas vezes ela fica suspensa
totalmente.
Estou
sentindo que dobrar a perna será fácil, sinto melhorar a cada dia, mas na
última sessão de fisio, o carrasco, digo, o fisio me passou muitos exercícios
de musculação. Ele disse que a musculatura da minha perna está muito fraca.
Isso foi ontem e hoje estou todo dolorido, na patela inclusive, o que me
preocupa, pois soy el cagon.
Massagem e
drenagem linfática- No parágrafo anterior escrevi sobre dor. À noite no mesmo
dia, minha esposa, que é esteticista, fez massagem e drenagem linfática na
perna. A dor, literalmente, sumiu, e não faço propaganda para ela, falo o que é
verdade. Acordei hoje podendo dar continuidade à dobragem da perna.
Dia 9 de
março, fisioterapia, exatamente 2 ´meses após a cirurgia o fisioterapeuta
aperta minha mão e diz que eu posso me livrar das muletas e começar a andar de
bengala. Ele já tinha me livrado de uma
muleta, mas eu insisto em duas para distâncias maiores, pois daí a perna
machucada vai aérea, contrariando tudo o que ele me disse. No test drive com a
bengala eu estou andando bem, sem curvar
o corpo pro lado. Momentos antes, o fisio dobrou a minha perna comigo de
bruços a ponto de eu ver estrelas. Na
minha opinião, a perna está numa evolução de dobragem, mas na dele não. Antes
eu tinha feito exercícios de leg press com 4 tijolinhos. E fiz outros
exercícios doidos com choque integrado. A musculatura está acordando. Sonhei
que andava sem nada para apoiar. Estou
procurando uma bengala, mas por enquanto continuo nas muletas, sinto que a
cicatrização total do joelho segue em curso, o ‘capacete’ que envolve o joelho
está diminuindo. Minha preocupação diária é dobrar a perna, sempre que eu vejo
estrelas nas dobraduras do fisio, eu fico imprestável no dia seguinte, mas daí
eu volto pra fisio e o ciclo continua. Ahh, acho que passei dos 100 graus de
dobragem, e aumentando.
13 de março-
9 semanas após a cirurgia e alcancei 108
graus de dobradura. A fisio consiste em exercícios, alguns com choques. Pedalei
um bocado hoje, parando um pouco e assistindo a vídeos no tablete. É isso.
The day
after- No dia seguinte, muita dor, dores estranhas no joelho. Sou otimista,
positivista, mas não é a primeira vez, e estou certo que, infelizmente, não
será a última, que acho que estão destruindo meu joelho com essas torções à
força e exercícios brabos. Claro que estou errado, mas é a impressão que dá. Se
alguém estiver lendo isto, e se este relato estiver ajudando alguém que, como
eu, não tem a menor ideia do que está acontecendo, posso falar que às vezes
tudo o que parece errado e estranho pode, e deve, estar no caminho certo. 108
graus, fora os gritos de dor.... Mas eu acho que ao invés de agressiva, essa
dobragem poderia ser progressiva.
Dia 20
próximo (hoje é dia 18/03), completo 10 semanas de cirurgia e os avanços são
notáveis. Confio em Deus, no fisio e no médico que me operou. Já ando só com a
bengala e o fisio me disse que em 2 semanas me livro dela. A briga é só dobrar
o joelho, penso nisso da hora que acordo até a hora de dormir.
Dia 20/03-
10 semanas de cirurgia- Hoje, o fisio me
fez dar uma caminhada sem bengala, 20 passos, ou mais. Tô andando quase normal,
o joelho está duro, mas vai amolecer. Exercícios com um aparelho que simula
agachamento, para voltar a subir e descer escadas. Mas eu continuo com a
bengala, foi só um teste.
Dia 24/03-
fisio pediu para que eu andasse uns poucos metros sem bengala. Andei. O joelho
está duro, mas vai amaciar segundo o fisio. Em casa, mostrei para minha esposa
que eu andava, uns poucos metyros claro, sem bengalas. Ela exclamou ‘Você está
andando normal’, meio capenga, confesso, mas andando normal. Mas a musculatura
está fraca ainda. Vamos em frente. Com isso, encerro esta narrativa e
publicarei agora este texto, a fim de que ajude a quem passa por um problema
como estas de rompimento ou ruptura do tendão patelar. Boa sorte a todos e
fiquem, com Deus!!
https://www.youtube.com/watch?v=qP5Spc-enVc&feature=youtu.be
https://www.youtube.com/watch?v=zSWKrRUFZm0&feature=youtu.be